domingo, 26 de julho de 2009

Capítulo 8 – O castelo de Himerk.

Capítulo 8 – O castelo de Himerk.

Vagarosamente abri a porta e saí do caminhão, lá fora vi um homem com uma capa cor de cobre, um capacete escuro. Cheguei suficientemente perto dele para o analisar detalhadamente Portava um medalhão e uma pedra neste. Colocou a mão no medalhão deslocando a pedra do pico de uma para outra montanha, subitamente ele desapareceu. Neste momento entendi que o mesmo havia ocorrido comigo no momento em que desloquei a pedra.
Olhando ao redor vi que os soldados carregavam as caixas em direção à um grande castelo composto de gigantescos blocos de granito. O castelo tinha três torres muito altas, sendo a central a maior de todas tanto em altura como espessura, haviam duas janelas que eram cercadas por grades de ferro. Havia nas paredes da torre central o desenho de duas montanhas brancas como neve. Que montanhas seriam estas? O castelo era cinza escuro, puxando para verde escuro, bastante feio.
Existiam também muitos outros caminhões, e muitos soldados, que formavam longas filas através dos caminhos que levavam para a entrada principal do castelo, calculei que deveria ser uma centena de caminhões. Tudo era muito escuro e negro, o céu estava totalmente enegrecido por escabrosas nuvens, o ambiente tinha um tom avermelhado extremamente desagradável. Através das muralhas do castelo subiam diversos tipos de trepadeiras, ao redor do castelo uma selva imensa, cheia de lamaçais se encontrava.
Retirei o medalhão da roupa de couro, sem querer desloquei a pedra, para minha tristeza dois guardas mecanizados me pegaram pelos braços, houve tempo de eu pensar rapidamente e esconder o medalhão.
Me levaram de maneira brusca para dentro do castelo, ao entrar após algumas passagens por portas de madeira passamos por um comprido corredor, parecia não Ter fim, era silencioso e assombroso, os blocos que o compunham eram úmidos e lodosos, Haviam tochas para a iluminação e a fumaça proveniente das mesmas sufocava o ar. Nas paredes haviam quadros que indicavam sinais misteriosos e paisagens de montanhas. Me vi impotente diante de tal situação pois a força daqueles robôs era sem dúvida estrondosa. Nada pude fazer para me defender, fiquei com muito medo de morrer por ser um transgressor.
Finalmente depois de uma longa e tortuosa caminhada, diante de nós uma porta. Um dos soldados abriu a porta pressionando um dispositivo que nela se encontrava. A porta era de madeira maciça, era muito espessa, parte dela era cheia de fios eletrônicos. No momento em que a porta abria-se, dela foi produzido um rugido voraz. Ao finalizar este processo vi que do outro lado da porta havia um imenso salão sustentado por gigantescas e belas colunas, o chão por sua vez parecia ouro. O lugar era muito bem iluminado através de cristais que se dependuravam com suas luzes no elevado teto, no centro do salão havia uma estrela muito grande espelhada, que refletia toda aquela luminosidade, era um ambiente em que notava-se claramente muito poder e riqueza.
A estrela espelhada se abriu como uma flor desabrocha, de seu centro emergiu uma plataforma com um trono muito reluzente. Sentado comodamente no trono se encontrava o homem de branco e cabelos ruivos com a pedra verde na testa que eu tinha visto antes. Estava com um dos braços apoiado num dos lados da poltrona, para sustentar a cabeça colocando a mão no queixo, justo como fazem os reis.
- Cale-se e somente ouça o que tenho a dizer! – Falou com autoridade e desprezo - Saudações meu querido amigo, vejo que eres um intruso em minhas terras. Não tenha tanto medo de min pois creio que conservaremos sua vida. Como vês sou bastante bondoso para com os futuros escravos, gosto muito deles, e você reles lesma serás mais um. Sou Himerk, e sei plenamente de quê se trata você. – Fez uma pausa para olhar mais de perto a vítima levantando do trono e andando até minha frente olhando com maldade – Fique sabendo que nesta dimensão você não terá mais a designação que tinha em seu planeta, aquilo que chamam de nome, será apenas um Etsorp, pois estes tratam-se de todos que logram inutilmente chegar à este mundo. Sua mente certamente está muito confusa, consigo sentir isto. Sei que tens um compatriota amigo seu de designação Hanickate, seu poder certamente me incomoda deveras, viveu bastante tempo em Chamtyn, magia é o que ele sabe, mas de nenhuma maneira deixarei que isto influa em meus negócios. Sei exatamente quais foram suas peripécias, nunca me engano, pois logrou possuir entre as mãos uma das partes da pedra sagrada que cria o portal de fuga de nossa dimensão. Você já deve estar ciente de que Chamtyn é o planeta das quatro luas vermelhas, que é o mais avançado de nossos recantos. Veja meu querido Etsorp, Hanickate irá morrer de morte bastante dolorosa, assim como você se não cumprir as ordens escravas com velo. Eu sou o senhor do universo, eu sou o senhor do universo, não imaginas o quão poderoso sou, meus negócios de contrabando de esmeraldas verdes trará grandes benefícios a min e aos bons súditos. Lembre-se de respeitar as regras deste estabelecimento, pois do contrário encontrarás uma sangrenta morte, posso em algum tempo dar-te a oportunidade de tornar-se pouco mais rico, saiba que procuro de todo modo encontrar os medalhões Zincs, somente existem 5 no universo, estão com seres deste e do mundo dos Etsorps. Sou dono de todo este negro império, e quem me desafiar morrerá, pois o rei manda e a vontade cumpre-se. Ordeno que vá! Considere-se meu escravo.
Os três escravos levaram-me através do mesmo corredor, depois de algumas passagens subimos muitas escadarias, novamente as tochas e suas fumaças pertigantes, houve um momento em que acabaram-se as escadas, levaram-me a um pequeno salão com um teto côncavo. Neste momento chegamos a um longo e apertado corredor, o atravessamos e penetrando noutro corredor quase sem iluminação via de tanto em tanto calabouços lotados de presos alguns se encontravam fisicamente bem, porém outros eram horrendos, quase que em estado de morte.
Me jogaram dentro de um dos calabouços, não havia janela, não tinha nada lá dentro, o ar era abafado e impregnado de um odor desagradável. Nervosamente comecei a andar de um lado para o outro. Foram dias extremamente cansativos os que eu passei naquele lugar , fiquei muitos dias preso daquela maneira, era entregada uma ração a cada dois dias, muito ruim ao paladar, sentia que já estava putrefata aquela comida, mas a fome era tanta que a devorava com grande vontade, já estava muito magro e minha mente já não tinha mais pensamentos coerentes, não conseguia raciocinar de maneira correta. Em alguns momentos da noite tinha pesadelos que misturavam-se com alucinações. Eram temas sobre mortes, e Himerk sempre dava as ordens de mortes e dava gargalhadas estratosféricas, acordava assustado, mas aí apareciam as alucinações de lagartos nojentos que comiam esmeraldas verdes. Cheguei a pensar que aquela comida era misturada com alguma espécie de alucinógeno, porém não era verdade, pois decidi um dia não comer e as visões macabras continuavam a aparecer. Numa das noites sonhei que Himerk nadava em muitas pérolas verdes ficava brincando com elas durante muito tempo, escondeu debaixo de seu manto branco um medalhão Zincs, suas gargalhadas eram sinistras. Tudo era muito assustador, com o dedo fez um buraco no medalhão e começou a enfiar todas as esmeraldas através dele, uma por uma, haviam milhões delas, cada uma que ele colocava fazia com que o medalhão ficasse mais negro e aterrador, pois, era como se eu pudesse sentir toda aquela energia negativa sobre meu corpo por este motivo minha mente ficava distorcida de modo que eu confundisse a realidade com os sonhos, este sonho pareceu durar uma eternidade pois prolongou-se até que acabassem as esmeraldas, fiquei neste momento sem a noção de tempo, o espaço ao redor era totalmente negro e vazio, um frio perpassou por meu corpo, durante muito tempo Himerk riu com sarcasmo então começou a gritar repetidamente, como em um disco de vinil riscado: Aticaramac! Aticaramac! Aticaramac! Aticaramac! Aticaramac! ... Outro dia um dragão gigantesco com três cabeças queimou toda a cela, cheguei a sentir o calor do fogo e o negrume ficou na parede, já não sabia se vivia uma realidade ou uma visão.
Neste estado de loucura, após cerca de 20 dias respirando aquela poeira e vivendo naquela sujeira demoníaca. Sempre acordava assustado, e agarrava o medalhão Zincs como se ele fosse ser roubado. Num dos dias em que a comida foi entregada decidi armar um plano, eu ficaria invisível com o poder de meu medalhão e tentaria fugir. Foi exatamente o que ocorreu, desloquei a pedra de lugar e fiquei invisível, os soldados procuraram-me em cada canto do calabouço sem lograr encontrar, porém para meu azar esbarrei na porta de ferro e fiz com que ela se movimentasse produzindo um rangido muito alto, sem hesitar dei a volta me escondendo atrás dela e movi a pedra novamente, logo depois escondi o medalhão por baixo da roupa. Não havia modos de fugir, era um verdadeiro labirinto de passagens o castelo, e centenas de guardas. Os soldados não entenderam quando me encontraram atrás da porta, um deles me deu muitos pontapés fazendo com que eu caísse no chão e disse palavras que não consegui entender, me levaram ao salão principal novamente, onde aquela estrela espelhada abriu-se mais uma vez e me encontrei com Himerk.
- Creio que tenha sido você um transgressor de nossas leis Etsorp, havia lhe dito que as penas para estes tipos de delitos são bastante severas. Creio que não entendeste com precisão – Disse ele com grande cinismo –Espero que enquanto tenha feito sua estadia neste recinto tenha gostado de nossa hospitalidade. Agora espera-te a fornalha para receber-te com a devida calorousidade receptiva de nossas acomodações...
- Você morrerá Himerk! – Gritei eu interrompendo seu discurso profano.
- Me dê este seu chapéu Etsorp.
- Toma! – Joguei em sua cara
- Não sejas estúpido criatura, veja que este sinal que desenhei é o sinal da morte, justamente daqueles que são os transgressores da lei. Guardas: levem-no para o mesmo calabouço que Hanickate, amanha cedo serão queimados vivos e comidos num delicioso café da manhã, numa grande festa que concederei à toda guarda deste castelo. – Começou então com suas sinistras risadas – Há, há, há, há...
Os soldados mecânicos me retiraram do local e me levaram através de um estreito e sinuoso corredor, este ao contrário dos outros era iluminado não por tochas e sim por estranhas bolotas de luz verde fosforescente, o que dava ao corredor um tom de cor todavia mais assustador, estas bolotas eram incrustadas tanto nos tetos como nas paredes como se fossem uma espécie de praga. Meus sentimentos eram bastante obscuros, pois sentia que a morte já era próxima, me sentia um transgressor , talvez de leis injustas, mas não deixava de haver cometido um grande erro, e provavelmente teria sido este o último de minha vida. Estava muito fraco por haver passado tantos dias de tormentos naquela jaula maldita, alimentando-me de fétidas e podres comidas, não tinha mais ânimo para pensar em muitas coisas.
Andamos muito através do corredor, quando finalmente num determinado momento uma cela se encontrou diante de nós, me atiraram dentro dela com maldade, caí vencido pelo cansaço estendido no chão constituído de grandes blocos de granito, e lá encontrava-se um senhor digno de respeito, que sentava-se num toco de madeira. No momento em que levantei-me prostrando-me diante de sua pessoa Hanickate olhou-me com compaixão, mas tornou a ficar cabisbaixo com melancolia. Olhei-o com atenção, entre aquela tenebrosa escuridão conseguia distinguir seus traços, demonstrava um cansaço muito grande, e ao mesmo tempo a resignação de um herói, voltava seu olhar ao chão mas parecia olhar muito mais além, seu rosto estava muito pálido e parecia mais cavo que quando o conhecera, pois os ossos apareciam como aparecem em um esqueleto. Sua longa barba grisalha já não era tão viva quanto antes. Dava-me muita tristeza observar aquela cena, não tinha muito o que dizer, tinha vontade de chorar em prantos, mas algo como que uma atitude fidalga e fidedigna não me permitia fazê-lo. Ficamos os dois em silêncio por um longo tempo, quando decidi perguntar com pouca rouquidão na voz:
- Quê querem eles de nós?
- Querem nossas vidas.
- Por quê?
- São maus Berengall, traiçoeiros.
- Sei disso, pois o que sofri neste lugar é indescritível, a muitos dias venho tendo alucinações.
- Deve saber que este é um lugar horrível, devemos nos defender como podemos nesta outra dimensão, você sabe que estou a muito tempo aqui. Recebeu minhas mensagens?
- Sim, tive algumas visões suas – Respondi com mais avidez – Pareceram-me visões tridimensionais, duas na verdade.
- Pois enviei-te para buscar tua ajuda, pois sei que tens grande capacidade.
- Quê capacidade é essa?
- Não sejas tolo Berengall – Volveu Hanickate com suma presteza, olhando-me compenetrando as pupilas de seus olhos nas minhas, era como se em seus olhos houvesse uma espécie de poder oculto, que faziam com que eu me ligasse à ele de uma forma muito marcante – Eres uma pessoa importante, e deves saber que não à toa que chegaste à este mundo, é uma espécie de poder que alguns Etsorps possuem. E já deves estar ciente de que neste mundo nós os seres humanos somos preconceituosamente tratados, os soldados caçam Etsorps como gatos caçam ratos. Pois há o fato de que dos 5 medalhões Zincs existentes no universo três se encontram no planeta terra. Himerk é fissurado de forma doentia nestes medalhões, pois é um ser inescrupuloso e corroborado.
- Simplesmente sabem que somos Etsorps.
- Exatamente filho. Sabem que somos humanos, e por maldade nos estirpam desta desditosa sociedade.
- Me sinto triste.
- Himerk quer Ter todo seu poderio concentrado – Disse Hanickate enquanto olhava através da parede como se estivesse compenetrado em uma imagem – Se conseguir os 5 medalhões Zincs irá unir todos dentro de uma esfera de cristal mágica que possui escondida nos recantos deste castelo, provavelmente no subterrâneo. Assim terá o poder e comando dos 5 planetas gêmeos dos quais este que estamos é um deles.
- Qual é o nome deste planeta? – Perguntei curioso
- Esta é a morada de Himerk, o senhor do universo, o Planeta Sgrinius. O planeta no qual estávamos antes – Disse ele compenetrado em suas explicações. – É o planeta Chamtyn, que da nome à uma cidade de seu próprio território, que é respectivamente a cidade mais desenvolvida à nível de tecnologia. Além de Chamtyn e Sgrinius há mais três planetas que fazem a unificação do poder dos 5 medalhões.
- Parece tudo tão complexo, e pensar que na terra todos vivem suas vidas com total normalidade, sem saber que há tanta disputa de poder pelo universo.
- É sempre assim, pois todos vivem suas vidas de forma restrita, sem se quer parar para pensar no mundo em que estão inseridos.
- Para te dizer a verdade – Falei eu compenetrado no tema da importância de viver – Sempre gostei das aulas de filosofia.
- Isto não me surpreende Berengall, já que você têm propensão a ser o escolhido.
- Para quê?
- Não haverão mais explicações, somente sabe-se que alguns Etsorps são os escolhidos.
- Para morrer?
- Isto todos são predestinados neste mundo de injustiças para com nossa raça, não exatamente para morrer, mas sim para sobreviver às agruras e quiçá fazer a revolução.
- Infelizmente estamos em uma irreparável situação Hanickate, considero-o como uma espécie de mestre, mas agora não há valores de consideração que possam valer um ceitil.
- Crês que eu seja um mestre?
- Sim – Disse eu quase sussurrando
- Talvez eu também seja um dos escolhidos.
- Não consigo entender isto – Disse eu enquanto tirava de minha jaqueta o medalhão com o intuito de mostrar à Hanickate – Veja este medalhão: coloquei uma pedra verde, e com isso descobri um modo de tornar-me invisível. Creio que isto seja fato relevante para sua sabedoria, porém é por causa dele que estou condenado à morte já que ele foi o culpado de minhas desventuras.
- Quê? – Perguntou Hanickate quase sem entender, como se estivesse desligado deste mundo.
- O medalhão, trouxe-o o comigo para saber se servia-me de alguma coisa, furtei esta pedra também e...
- Medalhão? Você é um gênio Berengall. É com imensa alegria que digo a você que podemos adquirir grandes benefícios desta saudosa fonte de poder. São os poderes das esmeraldas verdes – Houve uma premonição por minha parte que dizia que você deveria aprender a deslocar a pedra. Em breve sairemos daqui.
- Mas como mestre? Há milhares de soldados malévolos espalhados por este tenebroso castelo.
- Não meu querido jovem, nunca devemos desistir até o último grão de esperança – Disse Hanickate com um tom de voz profético. – Devemos partir antes do raiar do sol, pois irão dar conta de que fomos quando vierem entregar o nojento grume para comer. – Disse Hanickate imperativamente – Dê-me esta lanterna, e também o medalhão.
- Sim, aqui estão. – Disse entregando cerimoniosamente os pedidos.
Hanickate, em uma sucessão de atos retirou as pilhas da lanterna, as jogou fora, pegou a esmeralda, com uma estrondosa magia subiu pelas paredes no exato local onde ele pisava formava-se uma energia branca em formato de bolhas, estas bolhas, ao mesmo tempo que ele corria de ponta cabeça pelo teto flutuavam e entravam pela lanterna que encontrava-se no chão. Fiquei admirado com suas façanhas contínuas. Quando todas as bolotas de energia entraram pela lanterna, Hanickate sentou-se no teto em posição de concentração exatamente como se estivesse sentado no chão, pernas cruzadas e braços repousados sobre os joelhos, a lanterna voou rapidamente para sua mão direita, a esmeralda que se encontrava no medalhão que fora depositado no chão volitou vagarosamente para dentro da lanterna. Hanickate abriu subitamente os olhos e tirando a tampa traseira da lanterna de um dos bolsos e fechou-a calmamente. Ironicamente andou pelo teto e pela parede até chegar à uma posição normal.
- Creio que já esteja pronto Berengall.
- Para quê?
- Para sair daqui.
- Como faremos isso?
- Veja o que fiz. – Insinuou a lanterna.
- Mas quê é que você fez com minha lanterna?
- Uma bomba.
- Um explosivo?
- Sim – Respondeu Hanickate – Agora sairemos do castelo – Rápido, posicione-se na parte de trás da cela, vou tentar destruir esta parede. Está pronto?
- A pesar de assustado creio que sim.
- Pelos poderes que me concernem eu agirei para e pelo bem de nossa raça!

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