domingo, 26 de julho de 2009

Capítulo 11 – Ety: o cavaleiro honrado.

Capítulo 11 – Ety: o cavaleiro honrado.

Minhas pernas já estavam muito fatigadas, a caminhada havia se prolongado desde o castelo por muito tempo, talvez seis ou sete horas, e eu tinha muito sono também, já havia me acostumado à visão selvagem, aos estranhos sons de animais, parecia que já estava amanhecendo. Naquele planeta o sol era similar ao da terra, talvez pouco maior. Hanickate estava obstinado na idéia de que não poderíamos parar eu estava extremamente contrariado, já que meu físico não suportava tantas agruras, mas ele tinha sempre o argumento de que eu como discípulo e escolhido deveria me acostumar a determinadas situações bastante difíceis. Parecia já estar amanhecendo, pois formava-se uma luminosidade bastante fraca no céu, derrepente apareceu um faixo de luz que traspassou pelas grossas árvores da floresta, e se repetiu, assim por diante diversas vezes causando grande alarde por nossa parte. Hanickate não conseguiu segurar sua curiosidade e propôs que fôssemos ver o que era aquilo. Caminhamos em sua direção, os feixes de luz eram momentâneos, e ocorriam sem uma constância de tempo delineada, emergimos em uma grande clareira com chão de terra batida, em seu centro havia uma casa de madeira, e lá era possível avistar a luminosidade do sol nascente. Pois tamanha era a densidade da floresta que não nos deixava ver o nascer do sol. Logo vimos que a causa daquelas luzes inconstantes pela floresta eram reflexos do sol refletidos pela espada de um cavaleiro. O homem manejava a espada de modo que esta provocasse os faixos de luz, estava trajado com uma armadura, sua espada era grande, e parecia ser pesada, a armadura era dourada e muito bonita. Em sua mão esquerda um grande escudo retangular. Fazia manobras de diversos tipos simulando diferentes ataques. Em uma das árvores estava preso um corcel negro não selado, sua penugem reluzia. Por muito tempo ficamos observando, manejava a espada como eu nunca houvera visto em quaisquer filme de guerras antigas, algo realmente impressionante.
Num determinado momento, num ato súbito o cavaleiro voltou seu olhar exatamente para o ponto em que nos escondíamos, assustamo-nos pois correu em nossa direção com a espada em riste.
- Quem são vocês forasteiros – Gritou com impetuosidade ao se aproximar o suficientemente perto para sentir sua obstinação.
- Somos Etsorps – Disse Hanickate amenizando a situação perigosa – Direi à você algo que jamais iria crer amável cavaleiro, pois possuímos conosco um dos medalhões, estamos à caminho de um destino já traçado pelas águas do passado. Não temos inimigos, a não ser aqueles que sejam amigos do novo rei. O caminho certamente dirá por si só que é por difíceis e sinuosas sendas que será. A chegar às montanhas brancas iremos andar.
- Não tenhais medo, pois inimigos de Himerk são meus amigos, não entendo você estranho, pois têm um falar deveras enigmático. Devem a min conhecer, e por assim dizer tornarem-se cavaleiros como eu, tudo isso com respeito, dignidade, perícias e coragem. Vejo por seus olhares que estão pouco abatidos... Que vos aconteceu? De onde viesteis?
- Somos fugitivos da prisão de Himerk – Disse eu quase sem entender o que havia ele dito antes.
- Por quê queres que tornemo-nos cavaleiros homem? – Perguntou rispidamente Hanickate.
- As regras são minhas. – Respondeu em tom de insanidade mental o cavaleiro.
- Claro. – Disse eu tentando acalma-lo – Creio que você seja uma pessoa de suma cortesia pelo que vejo.
- Não se atenha a este tipo de detalhe, o assunto de primordial importância é o de vossas inclusões em nossos reinos já que estais infiltrados em nossos territórios sagrados, deveríeis agora respeitar as tradições.
- Sim – Respondeu Hanickate em tom de fingida aprovação, já que não conseguia disfarçar sua contrariedade por tais palavras.
Embainhando a espada e tirando a armadura, mostrando que era dotado de uma força extrema, por ser uma verdadeira montanha de músculos, fez alguns grunhidos de cansaço, portava um saiote de couro como o dos romanos da história antiga. Sentou-se em um pequeno toco de madeira que havia em frente daquela casa, convidando-nos amavelmente a sentar diante dele, e em palavras menos afetadas que as anteriores começou a falar:
- Sou cavaleiro integrante de um povoado que vive à poucas milhas deste lugar. Antes que surja o dia venho para estes recantos praticar meus treinamentos de guerra com muito ardor. Encontrei este pátio com esta casa abandonada, e como não havia quaisquer dono me apoderei deste terreno, juntamente com meu cavalo, o qual considero grande companheiro. Nesta clareira obtenho paz e sossego para fazer meus movimentos com total liberdade. Companheiros, não quero suplicar nada, pois se assim fosse não estaria agindo como cavaleiro, porém neste âmbito gostaria de concientizar-vos de que meu povoado está em grande perigo, pois neste momento ocorre o grande ataque dos Ebelos, que são uns verdadeiros ratos. Odeio-os e lutarei contra esta raça até que seja derramada a última gota de meu nobre sangue, e digo ainda mais: se vosotros tivésseis algo a favor destes devoradores inescrupulosos vos mataria agora mesmo. – Neste momento o cavaleiro cerrou os punhos e voltou-nos um furioso olhar.
- Calma homem de Deus – Disse Hanickate enquanto fazia um gesto ameno com as duas mãos – Sequer conhecemos estes terríveis homens de que fala...
- Pois então prossigo em meus falares. É isto que ocorre amigos, os Ebelos destroçam a tudo o que vêem, e ainda por cima possuem o dom de transformar tudo o que encontram pela frente em poderosas armas de ataque, são uns verdadeiros bárbaros. Isso faz com que me empenhe cada vez mais em um treino incansável, à procura do aprimoramento em busca da perfeição. Muitos guerreiros já morreram nesta pavorosa luta. Nossa nação conta com os dez últimos guerreiros de nosso povoado, dos quais faço parte. Honradamente meado nesta grande ordem de acontecimentos convoco-vos a fazer parte de nossa família e a lutar em busca da paz contra os Ebelos malvados e aterradores como somente eles conseguiriam ser. Quê dizeis de minhas palavras estranhos andarilhos?
- Aceitamos vossa honesta proposta – Disse Hanickate com certo orgulho, sem mostrar-se desta vez contrariado.
- Certamente será de grande apraz e vantagem esta grandiosa opção, que apenas requer que tornem-se cavalheiros de verdade com antecedência, o que creio segundo minhas conjunções que será feito o mais tardar em duas Tucaras.
- O quê diz você quando se refere à duas Tucaras? – Perguntei com o devido respeito para com aquele homem monstruosamente forte.
- Em Colectiano, que é a língua de meu povo significam 80 dias cada Tucara, portanto terão exatamente 160 dias para se formarem em nossas tradições.
- Não! – Gritei eu num súbito sentimento de revolta, com vontade de sair correndo dali no mesmo momento, a pesar de toda dor e cansaço – Não quero tornar-me um cavaleiro louco e sair perambulando a matar Ebelos que nem conheço. Apenas quero sair deste mundo letárgico, o qual comprovadamente sei não se tratar de um sonho, mas que nunca quis formar parte. Não entendo o por quê de querer nos contratar para estas façanhas.
- Não iluda-se – Proferiu Hanickate amainando-me - Sabe que nos encontramos em situação de extremo risco, morreríamos inevitavelmente se não encontrássemos este gentil cavaleiro que se nos depara em frente, apenas seja honesto consigo mesmo e veja qual crê ser a melhor solução para seus incertos divagares.
- Certamente seu colega está certo amigo – Contribuiu o cavaleiro – São profanas tuas palavras, ordeno-te que retire-as agora mesmo caso não queiras ir contra a lei dos justos.
- Perdoe-me senhor – Disse eu com medo e humildade – Não quis ofender a tua civilização, talvez tenha sido um lapso distorcido de minhas fantasias malignas.
- Certamente foi isso – Afirmou o cavaleiro – Tratamos aqui da inclusão de vossas pessoas em nossos territórios, o que é muito bom para nós, e igualmente para vocês amigos.
- De quê falas tu? – Perguntou Hanickate.
- Falo dos ganhos que hão de fazer parte do porvir – Disse ele dando um largo sorriso – Claro que há vantagens em se integrar ao cavalheirismo, temos nossas conquistas e tesouros entre eles adquiram as cobiçadas pérolas amarelas e as todavia mais requintadas cor de cobre cujo os poderes não podem ser mencionados. Haverá a concessão de pedidos dos intercessores vitoriosos ofertada por nosso rei Colat o Magnífico.
- Seguramente faremos parte dos atinos de vossa vida, em busca da honrada vitória e com os prazeres das recompensas citadas. Por isso vos agradecemos a bondade. – Obtemperou Hanickate.
- Meu nome é Ety e agradeço em duplicata vossas boas vontades. Haverá um batismo em que será olvidado seus nomes para que sejam fixados os verdadeiros nomes, concordam com a exigência inicial?
- Claro, concordamos perfeitamente – Disse tentando esquecer qual era minha procedência.
- Quais serão os procedimentos durante as duas Tucaras? – Perguntou Hanickate.
- Não sejas tolo homem! – Exclamou com veemência – Somente poderá saber o que irá ocorrer no justo momento, pois do contrário estaria mostrando-se exageradamente curioso, o que é um péssimo hábito por suposto. Devemos deixar que o destino encarregue-se de nossas questões.
Neste momento ficamos em um breve silêncio, logo de forma bastante cortês Ety, o cavaleiro, nos convidou a entrar na casa de madeira com telhado de palha, falou que havia feito uma pequena reforma no lugar, os móveis haviam sido comprado de segunda mão porém pareciam muito bem conservados. Um grande espelho enfeitava a sala, uma mesa redonda com toalha bordada, e um cômodo mais ao fundo, no que se dizia uma cozinha havia apenas uma pequenina mesa com cesto de frutos silvestres e um jarro de água. Ety ofereceu-nos comida e água fresca, fiquei extasiado com aquela refeição agradabilíssima ao paladar de alguém que por muitos dias ficara confinado à uma horrível cela.

Capitulo 10 - A história das oito esmeraldas, dos K-K-B-S e do Caleto das montanhas brancas.

Capitulo 10 - A história das oito esmeraldas, dos K-K-B-S e do Caleto das montanhas brancas.

A viagem prosseguiu, percebi que neste momento, enquanto andávamos a floresta pareceu-me ficar mais escura. As passadas eram vagarosas e os lamaçais eram cada vez menos freqüentes de modo que isto trazia um certo alívio. Durante o trajeto descrevi à Hanickate as imagens das estranhas alucinações que tive durante a penosa estadia no calabouço. Tudo era horroroso, entretanto Hanickate fez cara de espanto quando contei-lhe sobre o sonho que tive com Himerk, quando nadava através das esmeraldas verdes e gritava seguidamente por Aticaramac.
- Aticaramac?
- Sim lembro-me o nome com exatidão.
- Sei quem é esta pessoa – Disse Hanickate enquanto andava a largos passos – É um dos agentes secretos de Himerk, é muito perigoso.
- Por quê?
- Não queiras saber Berengall.
- Diga-me por favor.
- Sim, veja... – Disse ele com ar de superioridade, parecia-me que Hanickate achava essencial neste momento, e em outros que ocorreram, uma consideração extraordinária para com sua sapiência e reputação – Este ser possui uma força descomunal nasceu em Glantaris, e logo no ano da devastação ou posse foi raptado quando criança para fazer parte do incrível exército de Himerk. Creio que seja um dos homens chave de seus planos, talvez por ser extremamente musculoso, e creio que seja provável que apresente poderes mutantes desenvolvidos através de mutações genéticas. É uma terrível experiência científica de Himerk, por isso todos o respeitam com grande veemência, certa vez o vi destruindo paredes de material parecido com ferro com as próprias mãos. Além dele muitas outras crianças e bebês foram raptadas para servir de base nas experiências satânicas, criaram com isso a organização do tráfico às esmeraldas amarelas, chamadas de F-K-B-S ou Fakner-Kot-Bemer-Solt. Aticaramac comanda grande parte dos processos de todo este contrabando.
- Há um contrabando de esmeraldas amarelas?
- Sim, exatamente. Aticaramac está no comando disso. – Prosseguiu ele enquanto andávamos já em terreno mais seco – Chont o antigo rei de Glantaris lutou bravamente contra Himerk, mais foi vencido e sua cabeça decapitada em praça pública. A unidade real daquele planeta pertence agora à Aticaramac que está ao comando de Himerk. Assim como Aticaramac o plano de Himerk é colocar mais quatro subordinados nesta mesma linha, ou seja: cada qual rei de um planeta e ele senhor do universo.
- Bastante pretensioso. Não acha?
- E perigoso. – Falou Hanickate com um olhar assombroso.
- Há também outras experiências científicas tais como Alic o rápido, Folon o mais racional, Mick o mago e Konhe o monstro. Cada qual é designado à destruir um planeta com uma Fakner-Kot-Bemer-Solt.
- Conseguirão?
- Devemos impedir que Himerk se apodere dos cinco medalhões, do contrário será tarde. Devemos acabar com o quinteto da morte este de que acabei de explicar quem são, antes que se apoderem dos medalhões Zincs e das pedras mágicas.
- Das esmeraldas?
- Sim, saiba você que cada qual possui um poder místico.
- Genial. – Falei com entusiasmo.
- Depende de quem as comanda.
- Como assim?
- Os poderes não se limitam a invisibilidade, pois cada cor têm um poder diferente.
- Que interessante – Disse eu quase morto de fadiga – Vamos parar?
- Não, melhor que fique entretido com o assunto, já que este é de suma importância. Preste atenção Berengall: Há oito cores de esmeraldas ao todo, e cada uma têm um poder, Himerk têm muitas esmeraldas, mas não têm os 5 medalhões, por isso não pode usufruir de todo o poder que elas podem proporcionar quando misturadas.
- Como sabe, entrei em um dos caminhões. – Já havia contado isso à ele. – Sabe de onde Himerk consegue tantas esmeraldas?
- De suas devastações às variadas nações, originalmente são encontradas enterradas em alguns lugares por antigos mestres.
- Quais são as cores? Posso saber?
- Claro, me curioso discípulo, são as seguintes: Cobre, amarela, azul, verde, rosa, vinho, bege e cinza.
- E os poderes? É me permitido saber?
- Há permissão, é claro, e para esclarecer esta dúvida veja isto – E assim ele abriu um zíper que havia em sua calça, que por visto era larguíssima, retirando um escarafunchado pergaminho – Estas são as esmeraldas místicas do poder, que os antigos construíram, que encaixam-se nos medalhões Zincs.
E lá estava em lindas letras ornamentadas os seguintes dizeres:















- Porém – Dizia Hanickate – Somente pode conhecer os poderes quem possui as esmeraldas.
- Que pena.
- As esmeraldas especiais são diferenciadas, mas não se sabe o motivo. Espero que guarde estes conhecimentos com esmero já que são poucos os que têm acesso a ele.
- Claro, claro, respeito-o muito. Quê significa Caleto?
- Caleto é um diamante muito especial, pelo fato de que ele nunca muda de cor, este sim supera à todas as expectativas já que possui o poder de todas as oito esmeraldas juntas. Mas somente existe um Caleto no universo enquanto que esmeraldas há muito. Isso creio que nem Himerk saiba, pela transmissão dos ocultos conhecimentos.
- Está enterrado?
- Queres saber de tudo Sérgio Berengall?
- Não senhor, somente aquilo que me seja permitido.
- Por tratar-se você ser um escolhido vejo-me na obrigação de dizer, dizer que seu destino é relacionado à esta poderosa pedra, que está localizada no topo de uma das montanhas brancas, porém infernais desafios esperam pelo predestinado escolhido, e que seja você o homem a baixar ao centro de Sgrinius para vencê-los.
- Centro de Sgrinius?
- Sim, se é você o escolhido certamente deverá penetrar nas profundezas deste mundo para completar sua missão.
- Não entendo.... – Na verdade estava muito assustado, e começava a entender que estava envolvido numa verdadeira trama da qual jamais poderia imaginar as incomensuráveis proporções. – tenho medo.
- É normal que isto aconteça, pois é tudo relativamente novo, uma nova forma de vida apodera-se de teu ser. Irá infiltrar-se nas profundezas infernais deste planeta.
- Não me soam bem estas palavras....
- Não julgues o destino que te espera.
- Pare de falar através de parábolas, que não posso suportar tamanho sofrimento, já me dói o ombro e...
- Cale-se Berengall, alegre-se por estar a salvo.
Naquele momento percebi o quanto devia agradecer à ele e à sorte de nosso destino, silenciamos por um longo período e caminhamos muito sem sequer proferir uma palavra. Havia me arrependido de haver reclamado, porém o fato é que comecei a conhecer muitas coisas e histórias novas ao mesmo tempo, e este foi o motivo de meus sustos e calafrios. Haviam muitos medos e receios pelo ar, que esvoaçavam na forma de estranhas sombras.

Capítulo 9 – A selva dos H-holets.

Capítulo 9 – A selva dos H-holets.

Dizendo estas palavras disparou-se da lanterna um largo feixe de luz branca de dentro da lanterna, direcionado para a parede, deslocando um imenso bloco de granito, e este caiu pelo outro lado da parede, neste mesmo momentos muita poeira foi produzida com decorrência do deslocamento de pedra, Não se tratou exatamente de uma explosão mas sim de uma energização da pedra, de modo que não produziu-se demasiados ruídos. Fomos correndo em direção ao rombo que fora produzido e nos deparamos com um grande labirinto de selva. Era uma selva negra e espessa, os raios de lua penetravam em meio à poeira de granito, por alguns momentos ficamos admirando a paisagem que denotava uma floresta que ia até os confins da visão entre à claridade da noite. O ar que penetrava pela fissura era aromatizado, pelo odor de plantas e flores da floresta, o que me era agradável depois de tantos dias de quase asfixia no castelo.
Com pouco de esforço subimos e passamos através da abertura produzida, aquela natureza toda renovava-me o espírito, dando-me mais forças para continuar o plano de fuga. Aos poucos nossos olhos acostumaram-se à semi-escuridão, e ouvíamos ruídos de diferentes animais os quais não consegui distinguir. A luz da lua era suficientemente forte para que pudéssemos enxergar o caminho através da emaranhada selva. Porém uma forte neblina dificultava em muito o alcance de nossa visão que se limitava a poucos metros à frente, a pesar de ser uma neblina baixa, era bastante espessa. O ar era bastante fresco, mas estranhamente por vezes pareciam vir chumaços de ar quente, o que me causava desânimo, pois os pulmões não assimilavam tamanha densidade de ar quente, chegando a quase sufocar. Eu pensava que tinha um destino, e este era traçado por meu salvador, ao qual daria minha vida, era Hanickate a partir daquele momento meu mestre e mentor, uma espécie de ligação magistral havia entre meus fortes sentimentos e sua pessoa. Via-o como um senhor muito sábio, por seu descomunal poder transparecia uma jovial vivacidade em seus atos, não compreendia como o corpo de um senhor como ele agüentava tantos pesares, como estar trancafiado durante tanto tempo, e depois caminhar tantos quilômetros como fizemos naquela noite. Era uma plena admiração por sua pessoa.
Após muitas horas de caminhada o terreno começou a ficar pantanoso e lamacento de modo que nossas pernas afundavam até a altura dos joelhos, caminhávamos com grande dificuldade, agora a passos lentos e tortuosos, porém não desistimos de caminhar, desviando grandes folhas com as mãos, raízes e arbustos bastante densos impediam nossa jornada. Nossa força de vontade por momentos ficou debilitada, vencendo um lamaçal intransponível em estados de consciência normal.
Num dos momentos comecei a urrar de dor, minhas pernas pareciam estar dormentes ou algo parecidos, Hanickate entendeu que necessitávamos de um repouso, foi aí então que paramos por momentos.
Deitamos no pé de uma árvore, em meio a lama, num lugar onde a profundidade desta era menor. Um estranho silêncio inundou a selva, fiquei estatelado olhando uma árvore que encontrava-se pouco mais à frente. Derrepente uma flecha se incrustou na árvore com uma velocidade vertiginosa, por breves momentos pensei tratar-se de mais uma alucinação, mas quando percebi que Hanickate também viu-a fiquei terrificado com as possíveis proporções do fato.
- São índios. – Disse ele – Vamos rapidamente esconder-nos, pois veja você que creio eu ser esta uma flecha de batalha.
- Como?
- Esconda-se amigo. Ou morrerás dentro de pouco.
- Claro.
Logo ocultei-me atrás de uma grossa árvore colocando minhas dolorosas pernas inteiramente submersas naquele barro, eu estava inteiramente coberto pela neblina que ainda fortemente persistia na selva. Por muito tempo ficamos esperando que algo ocorresse em silêncio, achei que nada iria acontecer, porém quando começaram outras flechas esvoaçarem pelo ar percebi que estavam realmente perto. Logo tudo transformou-se em uma verdadeira chuva de flechas, assustei-me tentando entrar todavia mais na lama de forma inútil já que uma forte dor surgiu em meu ombro direito, rodopiei a cabeça, fiquei zonzo e meu ombro se aqueceu e sangrou muito. Corajosamente numa frustrada tentativa tentei arrancar a flecha de meu corpo, porém quanto mais tentava mais sentia uma penetrante dor e mais sangrava.
Depois de um determinado tempo começaram a vir os primeiros índios, que tinham suas faces azuis, pude ver no meio de todo aquele alvoroço e correria que portavam sandálias de couro e uma saia que descia até a altura dos joelhos, alguns tinham pinturas no peito, outros tinham colares com dentes de animais selvagens. Utilizavam gigantes arcos que iam de suas cabeças aos pés, corriam muito rápido, como se a lama não os incomodasse, e ao mesmo tempo puxavam poderosas flechas, atirando-as à frente. Eram muitos, corriam desesperada e freneticamente, com uma direção bem definida, não me viram e eu esforçava-me para me manter calado a pesar da incomensurável dor que sentia. Cerca de trezentos, que durante meia hora corriam uns atrás dos outros, eu e Hanickate esperamos até que o último se fosse para sairmos dos esconderijos.
Muitas flechas espalhadas e encravadas por todos os lados, achei aquilo um tremendo desperdício, não sabendo exatamente quê estratégia de guerra fora utilizada naquele momento, sem desviar muito meus pensamentos para este assunto decidi gritar por meu mestre:
- Hanickate!
- Fique tranqüilo meu discípulo, eles se foram
- Onde está você? Não vejo-o.
- Há vezes que a visão é menos necessária que a audição. – Proferiu em palavras misteriosas enquanto descia do topo de uma árvore muito alta.
- Chego a pensar que és uma criança ou jovem.
- A vivacidade da alma não têm idade Berengall.
- Por quê sempre fala em forma de frases proféticas?
- Está bem, vamos ser mais realistas Berengall: você deve vir comigo, pois do contrário perder-se-á neste mundo sangrento. Na dimensão em que estamos existem diversas etnias, e cada qual, como na terra, possui seus interesses particulares, sejam eles benignos ou malignos. Saímos do castelo de Himerk o senhor do universo, para cair na selva viva em que estamos, pois veja você meu condiscípulo que a vida é feita de momentos agradáveis e outros perversos, o que devemos é saber nos adaptar a cada tipo de momento a tirar para nosso próprio proveito as lições das experiências.
- Creio que esteja lhe entendendo mestre Hanickate – Disse eu com grande dificuldade por causa da dor provocada pela flecha.
- Pois veja meu filho que assim é a vida.
- Não entendo como sabe meu sobrenome.
- Não fales de assunto tão mesquinho, pois sei que és mais sábio que aparenta ser, os Etsorps escolhidos são sempre como um desconhecido universo.
- Mas é fato que estamos em um universo desconhecido.
- Veja então você, que todo o desconhecido existe, e pode ser mantido oculto como também ser explorado como quem explora uma selva ou um cadavérico mundo.
- Sim mestre – Disse eu com humildade – Não há duvida de que estamos explorando um mundo desconhecido aos humanos.
- Veja que como é este mundo físico são nossos mundos mentais, que tratam-se de verdadeiros universos culturais, sentimentais e mágicos e por isso poderosos e capazes. Foi assim que descobri minha energia interna, esta que posso utilizar de diversas maneiras, mas, creio que esteja me precipitando nas lições... – fazendo breve pausa para meditação logo voltou-se para min – Agora deixe-me ver este ombro.
Quando Hanickate pegou a flecha eu rugi de dor como um cavalo, ele simplesmente enfincou a flecha de modo que esta traspassasse por inteiro meu ombro, imensa foi a dor.
- Vejo que teve sorte por não estar envenenada, do contrario morreria em poucos minutos.
- Sabe quem são estes selvagens?
- São descendentes de uma antiga civilização comum.
- Conte-me algo por favor.
- Esta civilização – Prosseguiu ele enquanto enfaixava meu ferimento com algumas raízes extraídas da selva – provém de muito tempo derradeiro, viviam em pequenas aldeias comuns, porém houve o dia do ataque, em que Himerk em um desvairado ataque de fúria devastou tudo o que lá existia. Os poucos que fugiram formaram grupos de coletores-caçadores. São ao todo quatro tipos de tribo que descendem de uma mesma civilização, eu diria que ocorrera neste caso uma regressão cultural e científica, pois com tudo que ocorreu perderam cultura e história, este caso assustou-me, e até o âmago de minha essência tenho motivos justos para lutar contra este grande vilão da sociedade, veja que todos os que vivem nos planetas de nossa dimensão se submetem às falácias de Himerk já que este de algum modo controla até as mentes das sociedades diversas, deve ser uma espécie de lavagem cerebral de grandes grupos.
- Como dizia você – Falei eu lembrando-lhe das tribos formadas - são quantas tribos?
- Quatro ao todo, tratam-se especificadamente dos H-holets. Distinguem-se entre si através das cores que utilizam para pintar seus rostos. Cada tribo possui algumas características diferentes. Por exemplo: os H-holets azuis são os mais traiçoeiros e violentos, após um ataque de sua tribo fica no local uma carnificina total, são os mais descontrolados de todos.
- Tivemos muita sorte então?
- Sim, por pouco não nos vêem.
- E os outros três?
- Sim, os H-holets vermelhos conservaram um pouco de ciência, e acabaram criando melhores técnicas de produção agrícola. Já os H-holets verdes regressaram à um estado primitivo deplorável, de modo que vivem em cavernas. Os cinzas parecem haver conservado muito bem a história de seu povo, saiba você que o passado faz com que o presente tenha sentido coerente, creio que os cinzas sejam os mais conscientes de sua situação no mundo, os outros parecem viver de forma influenciada por Himerk.
- Azuis, vermelhos, verdes e cinzas – Comentei já mais aliviado da dor – Me parece uma desfragmentação cultural.
- Sim notável rapaz, um desequilíbrio atroz.
- Creio que muito viveu nestes confins de mundo, como se sente com isso?
- Uma grande parte de minha vida é aqui, há muita tristeza, mas antes de Himerk era tudo melhor.
- Antes?
- Sim, não haviam tantos problemas quando vim para cá.
- Pois que novidade é esta para min, pois sempre julguei serem estas umas terras infernais, já que somente tenho encontrado sofrimentos e desventuras.
- Tranqüilize-se Berengall, lhe contarei algo interessante: Estudei na universidade de Eisthok, com um grande sábio, o próprio Eisthok em pessoa me transmitia seus conhecimentos, ele é um mago muito imponente, certamente bastante misterioso em seu modo de ser, mas que me ensinou muito do que sei.
- Um mago dono de uma universidade?
- Sim exatamente, bastante audaz foi seu projeto, porém depois do ano da devastação tudo acabou-se.
- Quê foi o ano da devastação?
- Em que o senhor do universo se impôs em Glantaris, a terra sagrada. O planeta de Eisthok. Veja que são apenas cinco os planetas habitados por seres de estirpe inteligente em nossa dimensão: Shamtyn, Glantaris, Sgrinius, Twers e Goviu. São considerados planetas gêmeos porque suas translação é executada através de uma mesma órbita. No ano da devastação Himerk se apoderou de Sgrinius e Glantaris.
- Estamos em Sgrinius?
- Sim.
- Somente há inimigos?
- Não, nós e outros são considerados os transgressores da lei, e há comunidades que vivem fugindo das leis de Himerk.
- Que horror é isto – Comentei desalentado.
- Para nossa infelicidade, mas devemos ser fortes. Vamos, não há tempo a perder.

Capítulo 8 – O castelo de Himerk.

Capítulo 8 – O castelo de Himerk.

Vagarosamente abri a porta e saí do caminhão, lá fora vi um homem com uma capa cor de cobre, um capacete escuro. Cheguei suficientemente perto dele para o analisar detalhadamente Portava um medalhão e uma pedra neste. Colocou a mão no medalhão deslocando a pedra do pico de uma para outra montanha, subitamente ele desapareceu. Neste momento entendi que o mesmo havia ocorrido comigo no momento em que desloquei a pedra.
Olhando ao redor vi que os soldados carregavam as caixas em direção à um grande castelo composto de gigantescos blocos de granito. O castelo tinha três torres muito altas, sendo a central a maior de todas tanto em altura como espessura, haviam duas janelas que eram cercadas por grades de ferro. Havia nas paredes da torre central o desenho de duas montanhas brancas como neve. Que montanhas seriam estas? O castelo era cinza escuro, puxando para verde escuro, bastante feio.
Existiam também muitos outros caminhões, e muitos soldados, que formavam longas filas através dos caminhos que levavam para a entrada principal do castelo, calculei que deveria ser uma centena de caminhões. Tudo era muito escuro e negro, o céu estava totalmente enegrecido por escabrosas nuvens, o ambiente tinha um tom avermelhado extremamente desagradável. Através das muralhas do castelo subiam diversos tipos de trepadeiras, ao redor do castelo uma selva imensa, cheia de lamaçais se encontrava.
Retirei o medalhão da roupa de couro, sem querer desloquei a pedra, para minha tristeza dois guardas mecanizados me pegaram pelos braços, houve tempo de eu pensar rapidamente e esconder o medalhão.
Me levaram de maneira brusca para dentro do castelo, ao entrar após algumas passagens por portas de madeira passamos por um comprido corredor, parecia não Ter fim, era silencioso e assombroso, os blocos que o compunham eram úmidos e lodosos, Haviam tochas para a iluminação e a fumaça proveniente das mesmas sufocava o ar. Nas paredes haviam quadros que indicavam sinais misteriosos e paisagens de montanhas. Me vi impotente diante de tal situação pois a força daqueles robôs era sem dúvida estrondosa. Nada pude fazer para me defender, fiquei com muito medo de morrer por ser um transgressor.
Finalmente depois de uma longa e tortuosa caminhada, diante de nós uma porta. Um dos soldados abriu a porta pressionando um dispositivo que nela se encontrava. A porta era de madeira maciça, era muito espessa, parte dela era cheia de fios eletrônicos. No momento em que a porta abria-se, dela foi produzido um rugido voraz. Ao finalizar este processo vi que do outro lado da porta havia um imenso salão sustentado por gigantescas e belas colunas, o chão por sua vez parecia ouro. O lugar era muito bem iluminado através de cristais que se dependuravam com suas luzes no elevado teto, no centro do salão havia uma estrela muito grande espelhada, que refletia toda aquela luminosidade, era um ambiente em que notava-se claramente muito poder e riqueza.
A estrela espelhada se abriu como uma flor desabrocha, de seu centro emergiu uma plataforma com um trono muito reluzente. Sentado comodamente no trono se encontrava o homem de branco e cabelos ruivos com a pedra verde na testa que eu tinha visto antes. Estava com um dos braços apoiado num dos lados da poltrona, para sustentar a cabeça colocando a mão no queixo, justo como fazem os reis.
- Cale-se e somente ouça o que tenho a dizer! – Falou com autoridade e desprezo - Saudações meu querido amigo, vejo que eres um intruso em minhas terras. Não tenha tanto medo de min pois creio que conservaremos sua vida. Como vês sou bastante bondoso para com os futuros escravos, gosto muito deles, e você reles lesma serás mais um. Sou Himerk, e sei plenamente de quê se trata você. – Fez uma pausa para olhar mais de perto a vítima levantando do trono e andando até minha frente olhando com maldade – Fique sabendo que nesta dimensão você não terá mais a designação que tinha em seu planeta, aquilo que chamam de nome, será apenas um Etsorp, pois estes tratam-se de todos que logram inutilmente chegar à este mundo. Sua mente certamente está muito confusa, consigo sentir isto. Sei que tens um compatriota amigo seu de designação Hanickate, seu poder certamente me incomoda deveras, viveu bastante tempo em Chamtyn, magia é o que ele sabe, mas de nenhuma maneira deixarei que isto influa em meus negócios. Sei exatamente quais foram suas peripécias, nunca me engano, pois logrou possuir entre as mãos uma das partes da pedra sagrada que cria o portal de fuga de nossa dimensão. Você já deve estar ciente de que Chamtyn é o planeta das quatro luas vermelhas, que é o mais avançado de nossos recantos. Veja meu querido Etsorp, Hanickate irá morrer de morte bastante dolorosa, assim como você se não cumprir as ordens escravas com velo. Eu sou o senhor do universo, eu sou o senhor do universo, não imaginas o quão poderoso sou, meus negócios de contrabando de esmeraldas verdes trará grandes benefícios a min e aos bons súditos. Lembre-se de respeitar as regras deste estabelecimento, pois do contrário encontrarás uma sangrenta morte, posso em algum tempo dar-te a oportunidade de tornar-se pouco mais rico, saiba que procuro de todo modo encontrar os medalhões Zincs, somente existem 5 no universo, estão com seres deste e do mundo dos Etsorps. Sou dono de todo este negro império, e quem me desafiar morrerá, pois o rei manda e a vontade cumpre-se. Ordeno que vá! Considere-se meu escravo.
Os três escravos levaram-me através do mesmo corredor, depois de algumas passagens subimos muitas escadarias, novamente as tochas e suas fumaças pertigantes, houve um momento em que acabaram-se as escadas, levaram-me a um pequeno salão com um teto côncavo. Neste momento chegamos a um longo e apertado corredor, o atravessamos e penetrando noutro corredor quase sem iluminação via de tanto em tanto calabouços lotados de presos alguns se encontravam fisicamente bem, porém outros eram horrendos, quase que em estado de morte.
Me jogaram dentro de um dos calabouços, não havia janela, não tinha nada lá dentro, o ar era abafado e impregnado de um odor desagradável. Nervosamente comecei a andar de um lado para o outro. Foram dias extremamente cansativos os que eu passei naquele lugar , fiquei muitos dias preso daquela maneira, era entregada uma ração a cada dois dias, muito ruim ao paladar, sentia que já estava putrefata aquela comida, mas a fome era tanta que a devorava com grande vontade, já estava muito magro e minha mente já não tinha mais pensamentos coerentes, não conseguia raciocinar de maneira correta. Em alguns momentos da noite tinha pesadelos que misturavam-se com alucinações. Eram temas sobre mortes, e Himerk sempre dava as ordens de mortes e dava gargalhadas estratosféricas, acordava assustado, mas aí apareciam as alucinações de lagartos nojentos que comiam esmeraldas verdes. Cheguei a pensar que aquela comida era misturada com alguma espécie de alucinógeno, porém não era verdade, pois decidi um dia não comer e as visões macabras continuavam a aparecer. Numa das noites sonhei que Himerk nadava em muitas pérolas verdes ficava brincando com elas durante muito tempo, escondeu debaixo de seu manto branco um medalhão Zincs, suas gargalhadas eram sinistras. Tudo era muito assustador, com o dedo fez um buraco no medalhão e começou a enfiar todas as esmeraldas através dele, uma por uma, haviam milhões delas, cada uma que ele colocava fazia com que o medalhão ficasse mais negro e aterrador, pois, era como se eu pudesse sentir toda aquela energia negativa sobre meu corpo por este motivo minha mente ficava distorcida de modo que eu confundisse a realidade com os sonhos, este sonho pareceu durar uma eternidade pois prolongou-se até que acabassem as esmeraldas, fiquei neste momento sem a noção de tempo, o espaço ao redor era totalmente negro e vazio, um frio perpassou por meu corpo, durante muito tempo Himerk riu com sarcasmo então começou a gritar repetidamente, como em um disco de vinil riscado: Aticaramac! Aticaramac! Aticaramac! Aticaramac! Aticaramac! ... Outro dia um dragão gigantesco com três cabeças queimou toda a cela, cheguei a sentir o calor do fogo e o negrume ficou na parede, já não sabia se vivia uma realidade ou uma visão.
Neste estado de loucura, após cerca de 20 dias respirando aquela poeira e vivendo naquela sujeira demoníaca. Sempre acordava assustado, e agarrava o medalhão Zincs como se ele fosse ser roubado. Num dos dias em que a comida foi entregada decidi armar um plano, eu ficaria invisível com o poder de meu medalhão e tentaria fugir. Foi exatamente o que ocorreu, desloquei a pedra de lugar e fiquei invisível, os soldados procuraram-me em cada canto do calabouço sem lograr encontrar, porém para meu azar esbarrei na porta de ferro e fiz com que ela se movimentasse produzindo um rangido muito alto, sem hesitar dei a volta me escondendo atrás dela e movi a pedra novamente, logo depois escondi o medalhão por baixo da roupa. Não havia modos de fugir, era um verdadeiro labirinto de passagens o castelo, e centenas de guardas. Os soldados não entenderam quando me encontraram atrás da porta, um deles me deu muitos pontapés fazendo com que eu caísse no chão e disse palavras que não consegui entender, me levaram ao salão principal novamente, onde aquela estrela espelhada abriu-se mais uma vez e me encontrei com Himerk.
- Creio que tenha sido você um transgressor de nossas leis Etsorp, havia lhe dito que as penas para estes tipos de delitos são bastante severas. Creio que não entendeste com precisão – Disse ele com grande cinismo –Espero que enquanto tenha feito sua estadia neste recinto tenha gostado de nossa hospitalidade. Agora espera-te a fornalha para receber-te com a devida calorousidade receptiva de nossas acomodações...
- Você morrerá Himerk! – Gritei eu interrompendo seu discurso profano.
- Me dê este seu chapéu Etsorp.
- Toma! – Joguei em sua cara
- Não sejas estúpido criatura, veja que este sinal que desenhei é o sinal da morte, justamente daqueles que são os transgressores da lei. Guardas: levem-no para o mesmo calabouço que Hanickate, amanha cedo serão queimados vivos e comidos num delicioso café da manhã, numa grande festa que concederei à toda guarda deste castelo. – Começou então com suas sinistras risadas – Há, há, há, há...
Os soldados mecânicos me retiraram do local e me levaram através de um estreito e sinuoso corredor, este ao contrário dos outros era iluminado não por tochas e sim por estranhas bolotas de luz verde fosforescente, o que dava ao corredor um tom de cor todavia mais assustador, estas bolotas eram incrustadas tanto nos tetos como nas paredes como se fossem uma espécie de praga. Meus sentimentos eram bastante obscuros, pois sentia que a morte já era próxima, me sentia um transgressor , talvez de leis injustas, mas não deixava de haver cometido um grande erro, e provavelmente teria sido este o último de minha vida. Estava muito fraco por haver passado tantos dias de tormentos naquela jaula maldita, alimentando-me de fétidas e podres comidas, não tinha mais ânimo para pensar em muitas coisas.
Andamos muito através do corredor, quando finalmente num determinado momento uma cela se encontrou diante de nós, me atiraram dentro dela com maldade, caí vencido pelo cansaço estendido no chão constituído de grandes blocos de granito, e lá encontrava-se um senhor digno de respeito, que sentava-se num toco de madeira. No momento em que levantei-me prostrando-me diante de sua pessoa Hanickate olhou-me com compaixão, mas tornou a ficar cabisbaixo com melancolia. Olhei-o com atenção, entre aquela tenebrosa escuridão conseguia distinguir seus traços, demonstrava um cansaço muito grande, e ao mesmo tempo a resignação de um herói, voltava seu olhar ao chão mas parecia olhar muito mais além, seu rosto estava muito pálido e parecia mais cavo que quando o conhecera, pois os ossos apareciam como aparecem em um esqueleto. Sua longa barba grisalha já não era tão viva quanto antes. Dava-me muita tristeza observar aquela cena, não tinha muito o que dizer, tinha vontade de chorar em prantos, mas algo como que uma atitude fidalga e fidedigna não me permitia fazê-lo. Ficamos os dois em silêncio por um longo tempo, quando decidi perguntar com pouca rouquidão na voz:
- Quê querem eles de nós?
- Querem nossas vidas.
- Por quê?
- São maus Berengall, traiçoeiros.
- Sei disso, pois o que sofri neste lugar é indescritível, a muitos dias venho tendo alucinações.
- Deve saber que este é um lugar horrível, devemos nos defender como podemos nesta outra dimensão, você sabe que estou a muito tempo aqui. Recebeu minhas mensagens?
- Sim, tive algumas visões suas – Respondi com mais avidez – Pareceram-me visões tridimensionais, duas na verdade.
- Pois enviei-te para buscar tua ajuda, pois sei que tens grande capacidade.
- Quê capacidade é essa?
- Não sejas tolo Berengall – Volveu Hanickate com suma presteza, olhando-me compenetrando as pupilas de seus olhos nas minhas, era como se em seus olhos houvesse uma espécie de poder oculto, que faziam com que eu me ligasse à ele de uma forma muito marcante – Eres uma pessoa importante, e deves saber que não à toa que chegaste à este mundo, é uma espécie de poder que alguns Etsorps possuem. E já deves estar ciente de que neste mundo nós os seres humanos somos preconceituosamente tratados, os soldados caçam Etsorps como gatos caçam ratos. Pois há o fato de que dos 5 medalhões Zincs existentes no universo três se encontram no planeta terra. Himerk é fissurado de forma doentia nestes medalhões, pois é um ser inescrupuloso e corroborado.
- Simplesmente sabem que somos Etsorps.
- Exatamente filho. Sabem que somos humanos, e por maldade nos estirpam desta desditosa sociedade.
- Me sinto triste.
- Himerk quer Ter todo seu poderio concentrado – Disse Hanickate enquanto olhava através da parede como se estivesse compenetrado em uma imagem – Se conseguir os 5 medalhões Zincs irá unir todos dentro de uma esfera de cristal mágica que possui escondida nos recantos deste castelo, provavelmente no subterrâneo. Assim terá o poder e comando dos 5 planetas gêmeos dos quais este que estamos é um deles.
- Qual é o nome deste planeta? – Perguntei curioso
- Esta é a morada de Himerk, o senhor do universo, o Planeta Sgrinius. O planeta no qual estávamos antes – Disse ele compenetrado em suas explicações. – É o planeta Chamtyn, que da nome à uma cidade de seu próprio território, que é respectivamente a cidade mais desenvolvida à nível de tecnologia. Além de Chamtyn e Sgrinius há mais três planetas que fazem a unificação do poder dos 5 medalhões.
- Parece tudo tão complexo, e pensar que na terra todos vivem suas vidas com total normalidade, sem saber que há tanta disputa de poder pelo universo.
- É sempre assim, pois todos vivem suas vidas de forma restrita, sem se quer parar para pensar no mundo em que estão inseridos.
- Para te dizer a verdade – Falei eu compenetrado no tema da importância de viver – Sempre gostei das aulas de filosofia.
- Isto não me surpreende Berengall, já que você têm propensão a ser o escolhido.
- Para quê?
- Não haverão mais explicações, somente sabe-se que alguns Etsorps são os escolhidos.
- Para morrer?
- Isto todos são predestinados neste mundo de injustiças para com nossa raça, não exatamente para morrer, mas sim para sobreviver às agruras e quiçá fazer a revolução.
- Infelizmente estamos em uma irreparável situação Hanickate, considero-o como uma espécie de mestre, mas agora não há valores de consideração que possam valer um ceitil.
- Crês que eu seja um mestre?
- Sim – Disse eu quase sussurrando
- Talvez eu também seja um dos escolhidos.
- Não consigo entender isto – Disse eu enquanto tirava de minha jaqueta o medalhão com o intuito de mostrar à Hanickate – Veja este medalhão: coloquei uma pedra verde, e com isso descobri um modo de tornar-me invisível. Creio que isto seja fato relevante para sua sabedoria, porém é por causa dele que estou condenado à morte já que ele foi o culpado de minhas desventuras.
- Quê? – Perguntou Hanickate quase sem entender, como se estivesse desligado deste mundo.
- O medalhão, trouxe-o o comigo para saber se servia-me de alguma coisa, furtei esta pedra também e...
- Medalhão? Você é um gênio Berengall. É com imensa alegria que digo a você que podemos adquirir grandes benefícios desta saudosa fonte de poder. São os poderes das esmeraldas verdes – Houve uma premonição por minha parte que dizia que você deveria aprender a deslocar a pedra. Em breve sairemos daqui.
- Mas como mestre? Há milhares de soldados malévolos espalhados por este tenebroso castelo.
- Não meu querido jovem, nunca devemos desistir até o último grão de esperança – Disse Hanickate com um tom de voz profético. – Devemos partir antes do raiar do sol, pois irão dar conta de que fomos quando vierem entregar o nojento grume para comer. – Disse Hanickate imperativamente – Dê-me esta lanterna, e também o medalhão.
- Sim, aqui estão. – Disse entregando cerimoniosamente os pedidos.
Hanickate, em uma sucessão de atos retirou as pilhas da lanterna, as jogou fora, pegou a esmeralda, com uma estrondosa magia subiu pelas paredes no exato local onde ele pisava formava-se uma energia branca em formato de bolhas, estas bolhas, ao mesmo tempo que ele corria de ponta cabeça pelo teto flutuavam e entravam pela lanterna que encontrava-se no chão. Fiquei admirado com suas façanhas contínuas. Quando todas as bolotas de energia entraram pela lanterna, Hanickate sentou-se no teto em posição de concentração exatamente como se estivesse sentado no chão, pernas cruzadas e braços repousados sobre os joelhos, a lanterna voou rapidamente para sua mão direita, a esmeralda que se encontrava no medalhão que fora depositado no chão volitou vagarosamente para dentro da lanterna. Hanickate abriu subitamente os olhos e tirando a tampa traseira da lanterna de um dos bolsos e fechou-a calmamente. Ironicamente andou pelo teto e pela parede até chegar à uma posição normal.
- Creio que já esteja pronto Berengall.
- Para quê?
- Para sair daqui.
- Como faremos isso?
- Veja o que fiz. – Insinuou a lanterna.
- Mas quê é que você fez com minha lanterna?
- Uma bomba.
- Um explosivo?
- Sim – Respondeu Hanickate – Agora sairemos do castelo – Rápido, posicione-se na parte de trás da cela, vou tentar destruir esta parede. Está pronto?
- A pesar de assustado creio que sim.
- Pelos poderes que me concernem eu agirei para e pelo bem de nossa raça!

Capítulo 7 – Dentro do caminhão.

Capítulo 7 – Dentro do caminhão.

Tinha de salvá-lo mas não sabia como. O quê seriam aqueles sinais que o homem ruivo misterioso deixou em meu chapéu. Peguei o chapéu e comecei a observar os sinais, parecia que quanto mais eu observava mais difíceis de compreender eles ficavam, retornei a colocar o chapéu de boiadeiro em minha cabeça e observei a rua, notei que havia um caminhão, que como as pranchas flutuava sobre o solo era de cor preta metalizada, cheio de fios e botões, parecia estar estacionado. Havia um desenho de uma montanha prateada na porta de trás, ao lado da maçaneta. Mais precisamente haviam duas montanhas uma em cada porta, pois a parte de trás do caminhão era de porta com duas folhas, e respectivamente em cada uma das folhas se encontrava uma montanha desenhada, assim como em meu medalhão.
Sem temer fui correndo atrás dele e me pendurei na traseira, flutuando o caminhão começou a deslizar, através daqueles estranhos trilhos na rua, sua velocidade começou a aumentar, era muito difícil continuar me segurando atrás, eu pegava firmemente alguns circuitos e pisava em uma espécie de pára-choques. Tentei inutilmente abrir as portas, sem conseguir quaisquer êxitos destruí em estado de fúria a maçaneta, a porta se abriu.
O veículo começou a parar, entrei rapidamente nele tentando com esforço fechar a porta, estava muito escuro, acendi a lanterna, a qual gloriosamente trouxera comigo. Haviam lá dentro muitas caixas de ferro, marcadas com desenhos em relevo de bronze, desenhos que ilustravam duas montanhas que novamente conferiam com os desenhos do medalhão, quando percebi que havia parado o caminhão me ocultei rapidamente entre as caixas. Passado algum tempo pude notar os soldados como aqueles que vira antes, eram mecânicos, porém eram esverdeados com olhos espelhados. Entraram no caminhão e para minha sorte pegaram somente algumas caixas. Fecharam novamente a porta e a escuridão voltou a reinar, senti que o caminhão voltou a se deslocar. Novamente com a lanterna continuei minha pesquisa de conhecimento. O que mais me interessava eram as caixas, havia grande curiosidade em saber o que havia dentro, eram feitas de ferro e detalhadas em bronze, eram realmente muito bonitas. Com muito esforço me ative em tentar abrir uma delas, sem lograr levantei outra caixa com suprema vontade, já que pesava demasiadamente, joguei contra outra caixa, a caixa atirada rachou-se, não por inteiro, e pude ver que de dentro da rachadura saía um brilho muito forte, quase que cegante se olhado diretamente, era um brilho esverdeado.
Com minhas forças abri a rachadura, arrombando por inteiro a caixa, espalharam-se pelo chão centenas de pedras verdes, fascinantes em sua beleza, brilhavam esplendorosamente, neste momento me lembrei da pedra que o homem ruivo portava na região da testa, que era igual à estas. Peguei uma das pedras nas mãos e comecei a apreciar seu brilho, porém a lanterna começou a perder luminosidade, as pilhas deveriam estar em péssimo estado. Guardei uma destas esmeraldas no bolso e fiquei olhando para o relevo das montanhas das caixas em meio à escuridão. Numa das caixas percebi que no ápice da montanha havia um pequeno círculo. Procurando fazer comparações reacendi a lanterna a ver como era o desenho das montanhas em meu medalhão. Com olhos de lince notei que havia uma concavidade no ápice de uma das montanhas e lá inseri a esmeralda já que achei uma possibilidade cabível.
Com grande paciência recoloquei as esmeraldas na caixa e a fechei, com imperfeição, mas tentando fazer com que a caixa parecesse nova. Devo haver ficado cerca de uma hora esperando que algo acontecesse, foi quando o caminhão parou, neste justo momento pensei no ancião, seu rosto apareceu de forma luminosa e holográfica bem na minha frente, não era real pois minhas mãos traspassavam a imagem. Ele portava um medalhão, apertei meu medalhão instintivamente, como se algum pensamento oculto tivesse interferido sobre minha própria vontade, senti que a pedra que eu tinha incrustado se deslocou de lugar. Fiquei espantado, pois eu sou dono de minha vontade, mas meus movimentos pareciam haver sido executados por pensamentos de outro. A imagem desapareceu e a porta abriu-se, rapidamente me escondi atrás das últimas caixas. Três soldados mecânicos vieram e começaram a tirar as caixas. Fiquei paralisado como uma estátua, tiraram todas e fiquei à vista deles, porém eles agiram como se eu não existisse, não entendia aquela situação. Depois que eles se foram escondi meu medalhão por baixo de minha roupa de couro para ocultá-lo. Pela grossura do couro não percebia-se o relevo do grande medalhão.

Capítulo 6 – Uma nova odisséia.

Capítulo 6 – Uma nova odisséia.

O medalhão estava em meu pescoço, notei que seus contornos eram feitos de um tipo de escultura, eram detalhes muito bonitos que desenhavam duas grandes montanhas, nele se encontrava uma pedra que começou a brilhar cada vez mais. Este brilho começou a aumentar de tamanho até ficar com cerca de 1 metro quadrado, sem que eu esperasse apareceram as feições de um rosto que tentava sem êxito me dizer algo e mostrava-se algo angustiado. Reconheci o ancião que me houvera salvado. Me senti constrangido por não poder fazer nada diante daquela situação, ele poderia estar em perigo.
Apressadamente decidi tomar algumas medidas, peguei uma roupa que havia sido comprada para a festa da fantasia no ano anterior, acreditando que seria ideal para este tipo de aventura, era uma roupa de couro grosso e negro, que dava liberdade de movimentos ao corpo e que ao mesmo tempo funcionava como uma couraça protetora. Me vi como um verdadeiro super herói diante do espelho. Peguei um chapéu de boiadeiro marrom com a insígnia de um touro, uma pequena lanterna para no caso de me transportar para aquele horrível túnel a qual prendi no cinturão de argolas de aço da fantasia.
Vagarosamente as dimensões do portal energético diminuíam e o rosto holográfico do ancião desaparecia com dolorosa expressão, era muito perigoso mas eu estava predestinado a resgatá-lo, penetrei naquela luz fosforescente e comecei a me sentir muito leve, meu corpo ficou invisível por instantes, achei que era puro delírio, foram breves instantes quando depois me encontrei atrás de arbustos. Focalizei minha atenção para a parte posterior aos arbustos e visualizei muitos soldados em fila, eram metálicos e mecanizados e carregavam o alvo de minhas atenções: o meu salvador. Por algum tempo fiquei restrito a observar o que acontecia, derrepente vi um homem bastante imponente todo vestido de branco na minha frente, sua face estava suada, tinha uma espécie de pedra na testa, era verde e muito brilhante, cabelos ruivos, tinha um medalhão idêntico ao meu. Os soldados já haviam ido embora levando consigo meu grande amigo. Qual rumo tomariam eles? Seria belo ou horrível?
O homem ruivo deu passos até ficar exatamente diante de min, fez uma expressão de escárnio para min, olhou nos olhos com desprezo. De um compartimento de seu cinturão tirou um grão de areia ou pedra muito pequena que parecia brilhar como brasa, fez um sinal com os dedos para cima. Escreveu com a brasa em meu chapéu, fiquei em silêncio apenas vendo o que fazia, depois tomou o mesmo rumo que os soldados.
Levantei-me e comecei a olhar para todos os lados, não havia nem sombra do homem, mas no horizonte havia uma luz bastante interessante a qual segui em sua direção, andei muito talvez 15 quilômetros através de uma vegetação de cerrado, o sol era muito forte. Parei para descansar na sombra de uma árvore, era uma árvore pequena, depois prossegui em meu caminho. A luz do horizonte era na realidade uma cidade, evidentemente bastante diferente de uma cidade comum . Quando cheguei lá piquei pasmado com as pranchas voadoras, os muros das casas eram muito altos, com reentrâncias retangulares.
Estava realmente exaurido de tanto andar, encostei-me para descansar em um muro, e me queimei. Talvez isto fosse um sistema de segurança. As pessoas volitavam em pequenas pranchas, as ruas tinham furos que poderiam ser comparados à trilhos de trem. Fiquei extasiado com as visões quando me deparei com uma prancha muito grande, um homem bastante curioso pilotava ela, estava trajado com uma espécie de armadura com pequeninos pedaços de ferro quadriculados e vermelhos, e com um capacete azul. Com grande habilidade jogava pedaços de ferro pelas reentrâncias dos muros das casas.
Curiosamente enfiei meus olhos pelo buraco do muro com o devido cuidado para não me queimar, vi um menino negro que pegando sua respectiva placa metálica apertou alguns botões que nela se encontravam e jogou a placa no chão, da placa surgiu uma grande imagem holográfica, aos poucos a imagem foi ficando menos distorcida, e quando notei precisão estava o ancião com uma arma apontada na nuca, palavras foram ditas, porém eu não conseguia entender.

Capítulo 5 – O fantástico retorno.

Capítulo 5 – O fantástico retorno.

Tinha muita curiosidade, queria conhecer a cidade, era muito diferente e estranha senão esquisita, ainda tinha medo de que algo me acontecesse. Combinamos de nos encontrar mais tarde em frente à uma praça igualmente estranha, poderia ficar livre por um tempo. Comecei a andar pelas calçadas metálicas quando em frente à um monumento de uma forma abstrata encontrei uma estatueta que tinha cabeça de águia e corpo de leão, peguei ela para min furtivamente, precavendo-me de que ninguém me visse.
Ao notar que ficava mais escuro o dia, após perambular pela cidade me dirigi ao ponto de encontro. O ancião havia chegado, estava com um grande medalhão pendurado no pescoço. O encanto iria iniciar.
Juntamos as partes da pedra, um forte brilho azul apareceu no lugar da rachadura, tanto eu quanto ele ficamos assustados esperando que surgisse uma porta de passagem ao nosso mundo. Uma cúpula de energia amarela surgiu do chão, sem hesitar pulamos dentro dela e começamos a cair através de um imenso buraco de ofuscante brilho amarelado, uma sensação entorpecente se apoderou de min, comecei a perder os sentidos de forma gradativa.
Caímos em um depósito de lixo com um cheiro fétido extremamente desagradável, porém meu novo amigo parecia Ter batido com a cabeça em uma carcaça de carro, e morria de forma dolorosa e triste, pois justo no momento em que retornara aos seus conterrâneos ficara privado de vê-los. Comecei a chorar em prantos por sua morte. Antes de chegar o momento derradeiro da morte ele proferiu as seguintes palavras, as quais soaram de forma enigmática:
- Medalhão Zincs... leão águia...
- Acorde por favor!
- Medalhão...
- Não morra! Seja forte.
- Zincs... Zincs... leão...
- Maldito seja o destino! – Gritei eu com ímpetos de esmurrar uma parede de aço.
O homem estava como um moribundo, e ficava repetindo aquelas palavras de forma contínua, cada vez mais apagado, não sabia o que fazer, derrepente caiu do céu aquela estatueta com cabeça de águia e corpo de leão, justo em um monte de estrume numa espécie de aterro ainda aberto, com muito nojo entrei na sujeira e peguei a estatueta, tentando me limpar e limpa-la com trapos velhos e sebosos, tentei por momentos decifrar suas palavras, quando julguei que ele finalmente morrera o levei em um carro de construção para enterrá-lo no cemitério. Deixei o medalhão na estatueta e o cadáver inerte do ancião encostado atrás da estatueta, fui procurar um jazigo vazio quando me deparei com meu próprio enterro, onde ao redor todos os meus parentes encontravam-se com grande tristeza e morbidez:
- Sérgio Berengall nos está deixando, partindo para um mundo muito melhor: o além...
Retornando assustado ao local onde deixara o ancião o encontrei vivo, e alegre:
- Como decifraste o enigma?
- Quê enigma?
- Minhas derradeiras palavras filho.
- Agora me vejo em confusão, não sei de que se trata isto.
- Pois minha alma retornou ao corpo no momento em que você posicionou corretamente o medalhão e a estatueta da praça sagrada de Shamtyn. Obrigado.
- Foi mero acaso, pois eu não sabia disto, somente deixei nesta posição porque acreditei ser algo bonito para um momento que considero importante: seu enterro. Porém o que não entendo é que me estão enterrando à duzentos metros daqui.
- Eu lhe explico – Disse ele com ar de sapiência, recompondo-se da situação anterior. – Zeus da morte por vezes produz maldosamente um corpo igual ao que rapta em forma cadavérica putrefata, isto ocorre justo no momento em que entra-se na porta, porém nem sempre é desta maneira, tudo depende da vontade de Zeus da morte. À ele há preferências diabólicas de causar desaparecimentos. Porém seu poder é limitado e verá que nesta noite todos se esquecerão do que ocorreu, ou seja, de sua morte, e crerão que tudo está dentro da mais harmoniosa normalidade. Já que retornaste ao seu mundo: o planeta Terra.
- Claro... acho que entendi, mas estou fedendo como um porco. Não sei que direi à todos se me virem assim.
- Nunca diga nada sobre a verdade da lenda ou causará vinganças...
- Como assim?
- Por causa dos exércitos, rápido sinto uma energia sinistra coloque o medalhão em seu pescoço para que não suma ... – Subitamente ele começou a desaparecer.
- O quê está ocorrendo?
- Rápido coloque, não há tempo.
Desapareceu, e eu indignado com a situação procurei me esconder nos recônditos do cemitério até que passasse a meia noite. Fui para casa, entrei soturnamente e fui me limpar e lavar as roupas no tanque, comi como um esfomeado e deitei para dormir, o medalhão ainda estava em meu pescoço quando acordei de manhã e brilhava com um ofuscante azul. Pensei por momentos que tudo houvera sido um sonho, mas a prova mais concreta eram minhas dores de fadiga e o próprio medalhão.

Capítulo 4 – O ancião conhecedor.

Capítulo 4 – O ancião conhecedor.

Chegando lá notei que a anti-gravidade parecia haver acabado no momento em que pus os pés no chão, logo visualizei um senhor de idade, portava uma longa barba, mostrava ser sábio por sua postura séria e digna. Me dirigi à ele:
- Por favor senhor: Pode me dizer onde me encontro?
- Você está em Chamtyn – Disse ele com uma expressão de indiferença. – É um dos quatro planetas que estão mais adiantados tecnologicamente no universo em que vivemos, se não sabes disto é um mero ignorante, e se quer saber mais não lhe devo explicações ignóbil homem.
Fiquei assustado com aquelas ameaças, é muito claro que eu não sabia de nada daquilo, o homem estava nervoso com meu desconhecimento. Não me deixei abater e comecei a olhar aos arredores, era uma cidade gigante, toda metalizada. As pessoas andavam de um lado para o outro, eram muito grandes, cerca de 2 metros de altura, com exceção da pessoa com a qual eu travara conversação, ele era baixo. De forma insistente decidi continuar a conversa:
- Por quê o senhor é diferente?
- Por quê queres saber estas coisas homem infernal?
- Creio que nunca entenderia se contasse o que me ocorreu, sou de outro planeta, e passando por um horrendo túnel me tele-transportei para este. – Disse eu procurando explicações de sua parte.
- Também vieste do mesmo planeta que eu! – Disse o velho com olhos arregalados como duas laranjas. – Meu querido filho, vou te contar uma história a qual deve possuir algum conhecimento: Na terra há uma lenda chamada “Lenda do Camaracita passageiro”, é um acontecimento verídico. O conto é distorcido pelos habitantes, na realidade a porta de passagem abre-se a cada mês do ano terrestre, uma porta muito brilhante, Zeus da morte nos chama de forma hipnótica para entrar, nos acompanha através das armadilhas mortais, para que morramos na passagem. Assim ele ganha prestígio e consideração entre os seus condescendentes. Há muito tempo vivo neste planeta, quase me esqueço de quanto... – Fez uma pausa para pensar e prosseguiu – Talvez dez anos...
- Nunca tentou voltar?
- Não! – Gritou ele furioso – É impossível, não há maneiras de fazer isto. É claro que estou enganado, há uma forma de voltar, mas vejo que não há muitas possibilidades de que isto ocorra... Somente poderíamos sair daqui se acharmos a outra metade da pedra sagrada, que se encontra submergida nas lamacentas águas verdes do túnel. Veja minha metade – Falou ele pegando um pedaço de pedra de uma bolça de couro.
- Veja isto – Falei mostrando minha parte da pedra – Seria esta pedra?
- Claro, claro! – Emotivamente falou o ancião – É este mesmo, há um horário correto para ajuntarmos as pedras, deve ser no auge da noite, assim que unirmos os dois pedaços uma nova porta irá se abrir. É a porta amarela, e assim retornaremos à terra.

Capítulo 3 – A teia gigante.

Capítulo 3 – A teia gigante.

Um grande torpor se apoderou de minha mente, meus pensamentos estavam muito confusos e meu corpo formigava de uma maneira que nunca sentira antes. A primeira visão com a qual me deparei foi a de um céu sem nuvens, virando meu rosto lentamente notei que haviam três planetas vermelhos, mas não encontrava o sol, tinha medo de estar em uma realidade e não num sonho.
Olhei para baixo, estava em uma altura muito elevada do solo, como se estivesse em um avião, finalmente me dei conta de que era uma estrutura metálica em forma de teia, olhei numa circunferência de 360 graus e encontrei uma aranha gigante cinzenta aterradora, que me paralisou de susto por instantes. Pensei por momentos que estava na hora de seu almoço, não sei como um pensamento deveras cômico surgira em minha mente num momento tão perigoso. Numa manobra rápida tentou me enlaçar com tiros de teias metalizadas, meu instinto parecia haver aguçado meus sentidos de forma que o torpor anterior desaparecera, esquivei-me de forma majestosa de seus ataques. Sem prever isto tropecei desajeitadamente em parte da estrutura da teia, logo em seguida ao invés de cair meu corpo começou a flutuar, uma grande vertigem subiu energicamente através de meu corpo.
Concluí que não havia força de gravidade naquele lugar, de forma estratégica procurei pisar com força num dos canos da estrutura para impulsionar meu corpo para baixo. Ainda com medo de estar voando, mas já com o alívio de sair das garras de uma aranha gigante metalizada flutuei m direção à uma colonização que via na superfície daquele planeta. Me emocionei muito por haver sobrevivido a situações tão desesperadoras. Perguntei-me neste momento se haveriam inimigos nesta cidade, por momento quis não cair nela, mas não haviam outras alternativas.
Cada vez mais me dava conta de que aquilo era realidade e não sonho ou ilusão, meus medos e sensações eram verdadeiros.

Capítulo 2 – O túnel macabro.

Capítulo 2 – O túnel macabro.

Estas duas informações encaixavam-se perfeitamente segundo Sérgio. Faltavam poucos minutos para meia noite.
Estava lá eu tentando matar aqueles pernilongos, com muitas palmadas, quando finalmente os matei. Fechava meus olhos para dormir, derrepente ouvi um zumbido e pensei que eram novamente os impertinentes pernilongos, já não agüentava mais, eram insuportáveis.
O zumbido estava cada vez mais forte, abri os olhos assustado, logo vi que não tratava-se de pernilongos, se me encontrava diante dos olhos uma forte luz em forma arredondada, terrivelmente ofuscante. Após breves momentos a cor da luz mudou: de branco ela passou a um tom avermelhado, juntamente com aquele barulho estranho. Subitamente uma espécie de voz falou:
- Venha e entre, pois é chegada a sua hora.
Fiquei bastante assustado, mas parecia que minha mente encontrava em êxtasis, quase que hipnotizada. Meus pensamentos pareceram confusos. Distorcia-me a vontade própria, penetrei pela estranha energia.
Me vi em um túnel bastante escuro, fiquei apavorado diante do que me ocorrera, ainda os pensamentos pareciam estar entorpecidos por algo misterioso, não conseguia enxergar com nitidez. Olhando para frente me deparei com um corpo privado de cabeça, no lugar disto uma forte energia branca brilhava, esta figura cavernosa andava a passos largos, seguia atrás dele como que influenciado por uma atração mística, tentava acompanha-lo com dificuldade já que esta fantástica figura andava muito rapidamente. De maneira repentina o chão começou a encher com um líquido verde escuro gosmento. O homem fez um tipo de sinal com as mãos, neste momento notei que ele somente tinha três dedos, pude visualizar com clareza os movimentos de seus dedos.
Do teto abriu-se um feixe de luz, e deste saiam muitas aranhas, semelhantes às tarântulas, porém brancas como neve. Virando meus olhos vi que aquela estranha figura desaparecera como se houvesse evaporado, fiquei em pânico pois aquela gosma líquida subia cada vez mais, estando já na altura de meus joelhos, aquelas aranhas desciam pelas paredes e vinham nadando em minha direção. Com grande desespero enfiei meus braços na água tateando o chão com as mãos à procura de algo com que me defender das aranhas, inusitadamente encontrei uma pedra deveras diferente já que tinha alguns sinais hieróglifos, estava quebrada ao meio. Guardei-a em um dos bolsos por crer ser algo importante. Neste momento achei difícil ter um raciocínio claro, deveria pensar rápido ou morreria afogado e envenenado, no mesmo momento em que três aranhas subiam por meu corpo decidi repetir os estranhos sinais que aquela horrenda figura executara com as mãos, tentando imitar seus três dedos o lograra, olhando as mãos fiquei todavia mais preocupado, elas desapareciam e ficavam invisíveis. Comecei a chorar de desespero. Já não conseguia mais distinguir se aquilo era um pesadelo, alucinação ou realidade.

Capítulo 1 – A notícia do jornal.

Capítulo 1 – A notícia do jornal.

Toda meia noite fala-se que
em algum lugar do mundo
abre-se uma brilhante porta.
Esta porta dá vazão à outro
mundo, todos se questionam
a respeito da veracidade disto
tudo, porém é fato que muitos têm
desaparecido repentinamente.

Capítulos

Capítulos:
1 – A notícia do jornal.
2 – O túnel macabro.
3 – A teia gigante.
4 – O ancião conhecedor.
5 – O fantástico retorno.
6 – Uma nova odisséia.
7 – Dentro do caminhão.
8 – O castelo de Himerk.
9 – A selva dos H-holets.
10 - A história das oito esmeraldas, dos K-K-B-S e do Caleto das montanhas brancas.
11 – Ety: o cavaleiro honrado.

Apresentação

APRESENTAÇÃO:
11 de Dezembro de 2001
O livro que aqui vos apresento trata-se de uma história de aventura bastante viva, que escrevi à mão, em folhas de fichário, na época em que constava com 14 anos de idade, quando cursava a 7a série do primeiro grau. A história, talvez por minhas características infindavelmente criativas, ficou interminada. Hoje depois de 8 anos, já com 22 anos vejo o conto como grande fonte de imaginação, porém com vocabulário bastante repetitivo e restrito, o que é coerente com minhas características da época. Vejo estritamente necessário fazer algumas aclarações a respeito de alguns aspectos:
1 - Como o livro escrito na época do ano de 1993 não foi finalizado o intentarei agora.
2 - Mudanças em relação ao vocabulário exageradamente simplista e por vezes repetitivo.
3 – Divisão do livro em partes e capítulos.
Há o fator de que o livro foi escrito de uma só vez, no sentido de não haver sido dividido em capítulos ou partes, por isso farei isto desta vez. Vejam leitores que isto trata-se de reescrever a história, e não de simplesmente transcrever. Grande labor é o que se encontra à frente, sem dúvida haverão obstáculos, que com grande honra serão transpostos. Que seja uma leitura aprazível a quem lê, e agradável ao que escreve.

Pompeo Marques Bonini
O autor